Agricultura eleva patamar da economia brasileira

Agricultura eleva patamar da economia brasileira

O ano de 2019 foi positivo em diferentes aspectos para o setor de agronegócios. Entre os destaques estão o recorde na safra, câmbio favorável, o impasse econômico entre China e Estados Unidos, entre outras questões envolvendo o comércio internacional.

De acordo com o sócio diretor da Acero Agronegócios, Edson Rabelo, o agronegócio brasileiro teve um dos seus melhores anos e a tendência é que o cenário se mantenha na próxima década.

“Muitos fatores influenciaram positivamente na expansão do agronegócio. Tivemos a questão da peste suína na China, que fez com que a demanda por carne e grãos brasileiros aumentasse consideravelmente. A sobretaxa do milho e soja praticada pela Argentina também está refletindo no mercado nacional, já que os demais países estão adquirindo nossos produtos para evitar o valor mais alto.” (Edson Rabelo, sócio diretor da Acero Agronegócio)

Em análise divulgada pelo Ministério da Agricultura, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) foi de R$ 617 bilhões, que representa um aumento de 2,1%. Este índice é o segundo maior já registrado no País. Do total da arrecadação, quase R$ 62 bi foram provenientes do milho e R$ 19 bi do café.

Redução de taxas

Responsável pelo aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o agronegócio promete ser protagonista na economia brasileira nos próximos anos. Isso graças ao acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, firmado em junho de 2019, que abriu mercado para que o Brasil comercialize insumos para mais 16 países.

O acordo, válido para o comércio de grãos, carnes, hortifruti, cachaças e queijos, prevê a diminuição gradual das tarifas de exportação até que sejam extintas. Todo o processo deve acontecer até 2030.

Em negociação há 20 anos entre os países do Mercosul e União Europeia, o acordo irá possibilitar que cerca de 80% dos produtos enviados para o exterior tenham taxação zero. A previsão é que o PIB atinja mais de US$ 87 bilhões em 15 anos.

De grão em grão

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram colhidas mais de 242 milhões de toneladas na safra 2018/2019. Apesar da grande oferta, não houve redução da arrecadação, devido à alta demanda causada pela peste suína, o que gerou aumento no preço das sacas, em especial de milho e soja.

A China foi o país que mais importou do Brasil; 35,6% dos produtos que saíram do País foram adquiridos pelos orientais.

Com safra recorde, o milho apresentou um crescimento de 24,3%. De acordo com a Conab, as exportações chegaram a 40 milhões de toneladas. Entre os itens com maior evolução estão:

  • Batata inglesa: 93,4%
  • Feijão: 55,9%
  • Mamona: 36,9%
  • Milho: 24,3%
  • Algodão: 16,6%
  • Banana: 16,6%
  • Amendoim: 14,6%

A baixa foi sentida em algumas culturas, como nos cafeeiros, que registrou queda no faturamento:

  • Café: – 26,9%
  • Mandioca: – 14,1%
  • Soja: – 10,4%
  • Cana-de-açúcar: – 9,6%
  • Arroz: – 4,9%

Em Minas Gerais foram produzidas mais de 14 milhões de toneladas de grãos. O estado foi responsável pela arrecadação de mais de R$ 38 bi na somatória de todas as lavouras.

 

Defensivos Agrícolas

Desde janeiro de 2019, o Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, liberou o registro de cerca de 400 tipos de defensivos agrícolas, sendo que 94,5% são produtos genéricos. A decisão foi importante para aumentar a concorrência no mercado e diminuir o preço dos defensivos, possibilitando a redução do custo de produção.

Nos últimos anos, diversas medidas desburocratizantes foram adotadas para agilizar o registro de defensivos no Brasil. O objetivo, além da liberação de produtos genéricos, é aprovar novas moléculas, menos tóxicas, mais eficientes e ambientalmente corretas para substituir os produtos antigos. O Brasil é o único país do mundo que proíbe o registro de novos defensivos com toxicidade maior do que já existem no mercado.

“A pauta foi polêmica. Mas é preciso entender que a maioria dos produtos liberados já existiam no mercado. Ou seja, os agricultores terão mais opções com o mesmo princípio ativo, podendo escolher os que são comercializados a menor custo. Dessa forma, ampliam a gama de produtos para combater pragas, fortalecer a lavoura e, assim, evitar perdas e aumentar a produtividade”, alerta Edson Rabelo.

 

Tecnologia no campo

Outro fator decisivo para o crescimento do agronegócio brasileiro foi o avanço da agricultura de precisão, um sistema de administração das informações do campo com o uso da tecnologia. Esse sistema permite um controle melhor e mais eficaz da produção.

A tecnologia está possibilitando a revolução no campo. Métodos avançados de análise para uma rápida tomada de decisão, uso de drones para inspeção e acompanhamento em tempo real do cultivo estão entre as soluções que beneficiam o setor.

Para Edson Rabelo, a tecnologia eleva os agricultores a outro patamar, aumentando a competitividade, principalmente em lavouras de soja, milho e algodão.

“Mais importante nisso tudo é que os produtores estão conseguindo obter mais produtividade em uma mesma área por meio de técnicas de manejo. E isso só é possível com um monitoramento eficiente. Economia de tempo e dinheiro”.

Cenário para 2020

O próximo ano deve continuar positivo para o agronegócio. Especialistas preveem a alta nos preços da soja, milho e carne no mercado externo. A estimativa é que a safra alcance mais de 122 milhões de grãos colhidos.

De acordo com o IBGE, a safra 2019/2020 de alcançar a marca de 238,5 toneladas, queda de 1% em relação a 2019. Já o VBP de 2020 deve ultrapassar os valores deste ano em 2,1%, chegando em R$ 635 bilhões.

“A estimativa é que a população mundial continue aumentando até 2050. Dessa forma, é necessário aumentar ainda mais a produtividade. E todos esperam que o Brasil seja o grande produtor de alimentos que irá abastecer todo o mundo, já que possui as maiores áreas agricultáveis do planeta”, analisa Rabelo.

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